Esta história foi longa...
Poucos dias antes de eu enviar o primeiro formulário online, eu havia recebido a "unconditional offer", ou seja, a certeza da vaga. Mesmo assim, prossegui com o pedido para "prospective student", pois não tinha a "visa letter" e achei que não daria tempo de receber. Um dia antes de enviar o formulário online, recebi um e-mail da universidade dizendo que eu precisaria depositar £ 1000 pra garantir a minha vaga e eles mandarem a "visa letter" que me daria direito a pedir o visto de estudante conforme as normas do Tier 4. Achei que eu poderia fazer tudo isso quando chegasse ao Reino Unido.
Quando expliquei toda a situação pro meu amigo, ele disse que eu precisava pagar o mais rápido possível e pedir que eles mandassem a carta por um serviço de entrega expressa, que daí levaria em torno de 2 dias pra chegar, e não 20 como o correio normal. Tive que acionar a minha irmã pra fazer isso, o que envolvia também a minha mãe, já que ela teria que mandar o dinheiro para a minha irmã poder fazer o depósito pra mim.
Em segundo lugar, eu também precisaria ter meus extratos bancários traduzidos por tradutor juramentado. Eu havia anexado com o primeiro pedido meus extratos em português mesmo, não sabia que precisava de tradução. Outro detalhe: a quantia não era suficiente. Então, mais trabalho pra família. Pedir dinheiro emprestado pra ter saldo suficiente. Com a carta a caminho, o dinheiro no banco e os extratos na mão, entrei em contato com a tradutora. Mas desta vez ela não poderia fazer o trabalho, pois estava ocupada demais na universidade com as monografias. Mas me deu algumas indicações. Optei por uma empresa especializada, pois achei que seria mais rápido que tratar com outro professor, dada a minha experiência prévia com a primeira. Foi um pouco mais caro, mas, a essa altura, eu nem poderia pensar em quanto já estava gastando, senão acho que largava tudo mesmo. Ah, sim, e tive que voltar ao banco e à empresa de tradução depois de estar com os extratos traduzidos, porque ainda precisava de uma carta do banco confirmando que eu tinha conta lá. E traduzida.
E o tempo foi passando. Nesse ínterim, fui a Livramento deixar meus gatos e buscar a minha mãe. Deixei pra trocar a passagem quando era inevitável, um dia antes da data marcada. E ainda tivemos que resolver um problema com o seguro de viagem da minha mãe, mas isso é outra história. Então fui até a agência de viagens pra mudar a data. E a vendedora me disse "viu? eu falei que podia ser negado". Gngngng... só que ela não sabia me explicar como fazer, né... "Pra quando tu queres marcar?". Hmmm... "eu queria pro dia 3/8, mas não sei se vai dar tempo...". "Por que tu não marcas pro 10? Te dá mais tempo." Ou poderia cancelar a passagem e pedir o dinheiro de volta. Claro que com uma taxa. Mas taxa ia ter que pagar igual ao remarcar, só que era um pouco menor. Acabei optando pelo dia 11, pois seria terça-feira, o que me deixava com a segunda para a eventualidade de ter que trocar novamente.
Embarquei a minha mãe e fiquei pra resolver as coisas. Tudo certo, documentação checada novamente, voei pro Rio. É, eu pensei, "mas eles já têm fotos e digitais minhas, eu preciso ir de novo, não dá pra mandar pelo correio desta vez?". Não dava. Cada vez que se faz um pedido de visto, tem que começar tudo de novo. E lá fui eu pra WorldBridge. Muito bem, entreguei a documentação. Aí a pessoa que me atendeu perguntou o que era um dos papéis. Eu falei "é o meu diploma traduzido". E ainda perguntei: "Precisa do original?". A pessoa disse que era só pra saber o que era pra anotar no recibo. Eles dão um papel pra gente com a lista de documentos entregues. Novamente paguei o Sedex de volta dos documentos e voltei pra casa. E comecei a esperar. E a ansiedade crescendo. Entrei umas cinco vezes por dia no site da WorldBridge pra rastrear o andamento do processo. Os amigos ligando pra saber e eu esperando. Não podia fazer mais do que esperar. No quinto dia, recebi um e-mail solicitando o envio de meu diploma original dentro de 5 dias. Grunf! Só o original não serve, mas também não pode ser só o traduzido! Meu diálogo com o funcionário do escritório foi um sinal e eu não captei... Bem, saí correndo porta afora com o diploma na mão direto pro correio. Botei num envelope e pedi o Sedex-10. Voltei pra casa pensando na minha burrice e me dei conta de que poderia ter feito uma pior. Não havia colocado nenhuma identifcação ou carta de explicação junto do diploma. E aí comecei a pensar que poderiam extraviar meu diploma nos meandros da burocracia do consulado ou sei lá pra onde ia, porque me deram só o endereço de uma caixa postal. Entrei em casa arrasada, quase na certeza de que não ia conseguir mais uma vez. Mas desta vez não por ignorância, como da primeira, mas por burrice mesmo, que é diferente. Apenas me consolava o fato de que o diploma é explicativo por si, já que tem o nome da pessoa, mas eu achava que, por não ter colocado o número do processo junto, jamais chegaria aonde devia. Resolvi pensar pelo lado bom, se eles haviam me pedido pra complementar a documentação, era sinal de que o visto não fora negado sumariamente.
E foram mais alguns dias de angústia. Não queria mais sair de casa. Engordei 6kg em todo esse processo. E quando finalmente vi no site dos Correios que o pedido havia saído do Rio de Janeiro, não soube dizer se estava feliz ou não. Imaginei que chegaria no dia seguinte. Não chegou. E não entendi por quê. Voltei ao site dos Correios. Havia sido encaminhado para Porto Alegre. Mas também não chegou no outro dia, e como já estava em cima da data que eu havia remarcado e não sabia ainda se era sim ou não pro visto, lá fui eu de volta à agência. Acho que a moça devia estar começando a se encher da minha cara... Expus pra ela toda a situação e desta vez achei melhor cancelar a reserva (não me lembro de ela ter me dado essa opção antes). Funciona assim: a gente cancela a reserva, mas não pede o dinheiro de volta nem paga taxa. Fica com o valor em crédito pra marcar uma nova viagem, só que tem um prazo pra isso, mas é relativamente longo. Eu só teria que pagar taxas quando da marcação da nova data: a diferença de preço de passagem, se houvesse, e a taxa de reemissão. Então ficamos assim. Sem data.
No dia seguinte, toca a campainha. "Sim?" "Sedex." Desci correndo pra pegar, coração quase saindo pela boca. Voltei ao apartamento olhando para o envelope. "E agora, abro ou não abro?" Pergunta imbecil, claro que tinha que abrir, mas estava com medo. Bom, sem mais delongas, fui rasgando o negócio, não sem antes dar uma pequena avaliada no volume. Me pareceu pequeno, o que achei que era um bom sinal, não me perguntem por quê. Abri meu passaporte e finalmente ele estava lá: claro, límpido e com todos os coloridos que o holograma de segurança pode proporcionar.
Final do jogo, 1 x 1. Mas como gol fora vale mais, acabei me classificando no saldo (bancário?!) qualificado... hehehe
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