quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Edimburgo


Fiz o tour oferecido pela universidade. A saída foi de lá da QMU. Passeamos por Queensferry, onde tem a ponte Forth Railway Bridge, que une South Queensferry e North Queensferry. Dizem que esta ponte leva um ano pra ser pintada.


Depois fomos a Edimburgo. O passeio foi mais dentro do ônibus mesmo e algumas coisas eu já tinha visto com a Flávia.

Subimos o morro Calton Hill, onde eu já tinha estado pra ver os fogos de encerramento do festival. Algumas vistas da cidade lá de cima:




Essa vista é de dentro do ônibus

Fomos ao Museu da Escócia, onde tem o carro do Jackie Stewart, escocês tricampeão de fórmula 1. Tem também a Dolly, a ovelha clone. E tem muito mais, mas não deu tempo de ver.


Encerramos o passeio no castelo, mas fomos só até a frente, eu ainda não entrei.






Antes, eu já tinho ido ao cemitério Greyfriars, o do cachorrinho Bobby, que guardou o túmulo do dono por 14 anos. Mas o tour não nos levou lá, acho que estava meio atrasado.


domingo, 25 de outubro de 2009

Newcastle


Depois do Fringe, a Flávia resolveu descansar um pouco. Ela e as amigas decidiram ir a Newcastle pra passear. Fui junto. Minha expectativa pela primeira viagem de trem não se confirmou. A Flávia disse que ônibus geralmente é mais barato, a menos que se compre o bilhete do trem com muita antecedência. Fomos de ônibus, pra depois descobrir que o trem estava mais barato...


Newcastle upon Tyne é a cidade da Inglaterra mais próxima da Escócia.Tem em torno de 273 mil habitantes (segundo a Wikipedia). É interessante. Sede do Newcastle United, que me segurei pra não comprar uma camiseta... não é bonita? rsrsrs.


Lá ficamos num albergue. Foi a primeira vez que me hospedei em albergue; é um pouco estranho dividir o quarto com gente que nunca se viu. Ficamos dois dias. Na primeira noite, as gurias quiseram sair. Eu, como não sou muito de sair, fiquei meio em dúvida, mas precisava sair pra comer. Então fomos andar um pouco pela cidade. Achamos o Revolution de lá. O Rev é um pub bem legal, tem em várias cidades do Reino Unido e a Flávia tinha um cartão de descontos. Jantamos lá e começamos a bebericar. Tem uns drinques ótimos lá.

O meu é o da esquerda

Depois, o que é comum aqui, andamos pela cidade à procura de outros lugares pra beber. Achamos uma promoção em outro lugar, dois coolers pelo preço de um. Eu não pretendia continuar bebendo, mas acompanhei. As gurias queriam dançar mais tarde. Até acompanhei a uma boate, mas não é a minha. Fiquei uma meia hora e resolvi voltar pro albergue. Como só tínhamos uma chave da porta da frente, a Flávia voltou comigo. E, ao chegarmos, ela se deu conta que ficara sem a chave do quarto, que estava com a Pam. Resultado: ficamos esperando até a Jenni, que estava indo de trem, chegar e pegar a chave com a Pam e ir para o albergue. Foi uma função de mensagens de celular pra lá e pra cá...

No dia seguinte, fomos passear um pouco pra conhecer a cidade. Eu até queria explorar mais, mas a Flávia achou que as gurias não estariam muito interessadas, então olhamos a maioria das coisas por fora, sem entrar nos prédios. De noite, o povo saiu de novo. Eu de novo fui só comer. Fomos numa Pizza Hut, mas comi massa. Depois, caminhar e achar um lugar barato pra beber (esse povo bebe muito!). Fomos a um pub que estava passando o jogo da Inglaterra pelas Eliminatórias da Copa - as gurias queriam ver a Escócia, mas não encontramos um lugar que estivesse transmitindo. Ali a Flávia ganhou outro 2 x 1, dessa vez Iron Brew com vodca.


As gurias queriam ir num karaokê, mas passamos na frente e estava quase vazio, elas não se animaram a entrar. Então acabamos indo ao Rev de novo. Mais um traguinho.

Aqui o meu é o verde

Dali eu voltei pro albergue, as gurias foram dançar. Conferi se tinha a chave e peguei um táxi. Dia seguinte, volta pra Edimburgo. A Flávia foi pra Londres, pois tinha uma entrevista pra estágio lá.

Sorvete da Thornton's

Catedral de St. Nicholas

Castle Keep

Black Gate (a entrada principal do castelo)

A muralha medieval ao fundo. Esse negócio prateado é uma obra de arte...

Flávia, Julia e a "obra"

St. James, o estádio do Newcastle

O outro lado da muralha

Chinatown (é, tem uma lá, mas acho que é só esse portal aí...)

sábado, 24 de outubro de 2009

A universidade


A Queen Margaret University se localiza em Musselburgh, uma cidade contígua a Edimburgo. Fui conhecê-la dia 1º de setembro. Fiz um pequeno "tour" com a Flávia. Ela me mostrou as salas de aula, a biblioteca, o "RU" (almoçamos lá), o Students Union, a academia. A matrícula era online e no Rilo (Recruitment & International Liaison Office) peguei meu smartcard. É um cartão que dá acesso a tudo lá dentro da univesidade, além de ser a identificação do estudante e também dá descontos em vários lugares na cidade.

A primeira impressão até que foi boa, apesar das constantes observações da minha irmã com relação à falta de organização. Bom, minha expectativa era que a bagunça fosse só na graduação e que a pós fosse melhor. Até o momento não tenho muito do que reclamar.

O prédio é feio, mas interessante. O novo campus tem dois anos. Diz que o projeto ganhou prêmios por ter sido desenvolvido todo em torno da sustentabilidade. Uma amiga da minha irmã disse que também tirou terceiro lugar numa premiação entre os mais feios do Reino Unido...

O campus é "livre de cigarro", não se pode fumar em nenhum local interno, mas isso é lei aqui. Em nenhum restaurante, bar, pub, lugar público fechado (incluindo as paradas de ônibus com proteção) é permitido fumar.

O campus tem um número muito limitado de vagas de estacionamento, pra incentivar o uso de transporte público. Usa luz solar, parece que tem reaproveitamento de água (não tenho certeza), lixo separado, vários tipos de orientações quanto a cuidados com a saúde, acessibilidade (rampas e elevador) e muita tecnologia. Há computadores por toda parte e internet livre. A biblioteca é um lugar interessante. Não precisa ficar em silêncio e é "self-service". Tem o staff pra atender a gente se precisar, mas dá pra fazer tudo sozinha. A gente procura os livros na estante, pega, lê, se quiser levar emprestado, é só passar nas máquinas e registrar a retirada, passando o smartcard. Na hora de devolver, também é com as máquinas. Pra entrar e sair precisa estar com o cartão, tem uma catraca eletrônica. Existem salas lá dentro pra quem quiser silêncio. Nessas não pode conversar. E também tem salas que podem ser reservadas pra trabalhos em grupo, com todo o equipamento necessário pra uma apresentação (computadores e telão pra usar powerpoint). E uma sala pra uso exclusivo dos pós-graduandos.

Todas as salas de aula também têm computador e o "quadro" é uma tela. Dá pra escrever direto no computador ou usar uma espécie de "pincel atômico" nesse quadro, que é sensível ao toque. Nem todos os professores sabem usar a tecnologia, mas a maioria usa. Além disso, as salas também têm equipamento para uso por deficientes auditivos. Eles dão muita importância aqui à questão da acessibilidade. Se a pessoa tem alguma deficiência, tem que declarar pra universidade e consegue uma série de facilidades.

O ressentimento da minha irmã é que, pra faculdade dela, ficou muito ruim o campus novo. Antes a universidade tinha quatro campi e um era só do pessoal do teatro, que agora tem que dividir espaço com outros cursos. Além de que tinham um teatro pras apresentações e agora não têm mais. E salas de ensaio com lugar pra guardar cenários e figurinos. E mais alguma coisa que não tô lembrando.

A universidade fez uma série de atividades para os novos estudantes. É o período que eles chamam de indução. Então teve a indução para os alunos internacionais, com palestras a respeito de visto, como funciona a universidade em vários aspectos, brincadeiras pra gente se conhecer, programas de voluntariado, Host - um programa de hospedagem voluntária em que as pessoas se inscrevem pra receber pessoas e pra visitar cidades do interior do Reino Unido ficando em casas de família. Dias depois teve a indução para os alunos de pós-graduação, com outras palestras e recepção pela nova reitora. E a terceira indução foi do meu curso, explicações de como funcionaria, isso já no primeiro dia de aula, 22 de setembro. Ainda teve um tour pela cidade por conta da universidade. E o Union organizou atividades durante toda a semana, a Fresher's Week, mas não fui em nada que eles promoveram, porque era quase só festa. Só assisti às peças que a Drama Society (da minha irmã) apresentou no Quora Bar (o bar do Union).


Esses prédios aí no fundo são as casas de estudante



quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Termina um, começa outro


E então findou-se o Fringe, dia 31 de agosto. Numa segunda-feira, o que achei estranho, mas aqui é normal. O Festival Internacional estendeu-se um pouco mais, foi até o 6 de setembro. Encerra-se com um show de fogos de artifício e um concerto da Scottish Chamber Orchestra. É o Bank of Scotland Fireworks Concert, realizado no Princes Street Gardens, ao pé do castelo. Os fogos são impressionantes, ocorrem em sincronia com as notas tocadas pela orquestra e são lançados sobre o castelo. O concerto é pago, mas há transmissão ao vivo, com caixas de som colocadas em locais estratégicos da cidade. Um deles é o Calton Hill, um morro que muita gente sobe pra ver os fogos. Eu fui lá com a minha irmã e os amigos dela. É muito legal, pena que esqueci de levar a câmera. A Flávia disse que esses fogos são mais bonitos que os do Ano-Novo e são os mais longos da Europa. No mundo, só perdem pros fogos do Ano-Novo chinês.

Quem quiser ter uma ideia da movimentação cultural desta cidade pode dar uma olhada em http://www.edinburghfestivals.co.uk/festivals

Amanhã começa mais um festival, o Scottish International Storytelling Festival, que vai até dia 1º. Eles têm uma tradição forte aqui desse tipo de "contação de história", existem centros especializados. Ainda não tive oportunidade de assistir, mas já me agendei pra quarta que vem. Vou ver "Maori Voices", apresentada por uma neo-zelandesa. O tema do festival é "our homelands" e vai ter participação de vários grupos étnicos indígenas. Fiquei curiosa, mas não defini bem o que ver. Optei por enquanto pelos maoris, mas tem cherokees, aborígines, highlanders, índios ottawa e representantes de outras nações indígenas norte-americanas e do Caribe.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Fringe



Edimburgo é a cidade dos festivais, por isso vim pra cá. São 13 ao longo do ano. Vim estudar Festival Management.

O Fringe, que acontece em agosto, é o maior festival de artes do mundo. Esqueçam a noção que vocês têm de festival, isso aqui não tem explicação. São milhares de apresentações diárias de tudo o que é tipo de arte. Tem música, dança, teatro, exposições, performances na rua, tudo o que se possa imaginar. Teatros, museus, pubs, igrejas e qualquer lugar que possa se transformar num "venue" participa. Veem-se pessoas de tudo o que é lugar, ouvem-se as mais estranhas e conhecidas línguas na rua.


No dia em que minha mãe voltou pro Brasil, comecei a mergulhar nesse mundo. Do aeroporto, fomos direto ao centro, eu e a minha irmã. Com o programa embaixo do braço, tentei selecionar o que ver. Pensei em iniciar pela música, pois não tinha certeza se eu entenderia uma peça toda em inglês. Timidamente, procurei ficar sempre próxima à minha irmã, que estava trabalhando no festival, panfleteando os shows de uma determinada companhia. O "point" dela era na frente do Gilded Balloon. O prédio pertence à Universidade de Edimburgo e abriga normalmente o diretório acadêmico da universidade. Na época do Fringe, é o Gilded Balloon, um "venue" com nove salas de apresentações. Considerando que cada sala tem em média 10 shows por dia, só neste local havia umas 90 apresentações diárias, pra vocês terem uma ideia do tamanho do evento.

Em frente ao Gilded Balloon fica a vaca roxa, que eu adorei. Não sei por que é roxa nem por que fica de pata pra cima, mas achei o máximo. É um dos maiores palcos e tem normalmente shows musicais ali dentro. Chama-se Udderbelly e é patrocinada pelo canal de televisão E4. Ali assisti a um espetáculo muuuuito bom do grupo The Magnets. Um conjunto vocal a capela em que um dos membros faz o som de bateria (beatbox) e outro faz o contrabaixo com a boca. Os quatro restantes cantam e fazem vocalises.


Sobre o Fringe teria muito o que falar, mas vou tentar fazer um resumão do que vi. Encontrei 14 ingressos que guardei, assisti a um pouco mais que isso, pois há shows de graça também. Depois da primeira semana, passei a ir dia sim, dia não ao centro, senão se gasta demais... mas vale a pena, se souber escolher os shows. Às vezes a gente erra, mas faz parte.


No primeiro dia, assisti a uma peça em que minha irmã era "stage manager" (que chique!). "Rebecca" é uma peça de época, um suspense. Achei meio devagar no começo, mas depois engrena.

No segundo dia, fui a um masterclass com produtores. Legal, mas acho que faltou um pouco de profundidade. Depois, encontrei com a minha irmã no centro pra almoçar e ela disse: "Vai ver o Shane, ele é bom. E ele fala no gato dele". Shane Langan era um dos promovidos pela minha irmã e apresentava um espetáculo misto de comédia e "storytelling", que é bem comum aqui. O argumento do gato me convenceu, rsrsrs. Fui. Acho que entendi metade, mais ou menos, mas várias vezes o público riu e eu fiquei boiando...

No dia seguinte resolvi ver um show de dança, pois nunca tinha assistido a um. Fui ao Scottish Dance Theatre, mas me enganei de espetáculo. O grupo apresentava dois diferentes shows em dias alternados, eu me perdi nos dias e acabei vendo o show "errado". Foi legal, mas tive a impressão de que eu teria gostado mais do outro, que tinha um cunho folclórico. O que vi chamava-se "Luxuria" e achei meio esquisito, embora ao final o público tenha aplaudido de pé... fui na carona.

Na sequência, assisti a algumas boas peças. "The Other Side" retrata o caso de uma mãe judia que perde o filho soldado na luta na Faixa de Gaza e um dia, por engano, faz uma ligação telefônica que cai na casa de um palestino "do outro lado" da barreira militar. "Ernest and the Pale Moon" é uma história bizarra que envolve assassinato e tem uma narrativa interessante. É contada em terceira pessoa, enquanto os atores vão fazendo o que estão contando. "In a Thousand Pieces" trata do problema da prostituição de imigrantes do Leste Europeu. É meio chocante. Uma das atrizes chegou a sangrar no palco. É o que eles chamam de teatro físico. A mais fraca, mas ainda razoável, foi "Frozen", sobre um maluco assassino que é usado como objeto de um estudo psicológico. Vi ainda "His Ghostly Heart", uma peça toda no escuro, a gente só vê um vulto e escuta os atores. Mas não achei grande coisa.

Vi também algumas comédias musicais. Dead Cat Bounce foi a melhor. Axis of Awesome foi bom, "Afternoon Delight" e "Princess Cabaret" foram médios e, decididamente, Sirqus Alfon foi o pior. Minha irmã adorou, pra mim é trash demais. Só fui porque o ingresso tava em promoção 2 x 1. Isso às vezes acontece com shows que vão mal, como uma forma de promover.

Na stand up comedy não caio mais. Eles adoram aqui. Tentei umas três vezes, fui em shows gratuitos, mas não dá. Nas poucas partes que eu entendia, não achava a mínima graça. Minha irmã disse que tem alguns caras realmente bons, mas não são muitos. E esses não se apresentam com entrada franca.

Pra encerrar, vi uma comédia muito boa, peça mesmo, não stand up. Eu estava em dúvida de ir, porque esculachava um dos personagens de que mais gosto, Sherlock Holmes. E avacalhar com ele na terra do seu criador não era justo... A Flávia insistiu, disse que no ano passado a mesma companhia fez um "Cyrano" sensacional. Então fui assistir a "Sherlock Holmes and the Saline Solution". E os guris do Sound and Fury não decepcionaram, dei boas gargalhadas.




*Ah, sim, as malas foram entregues na segunda de manhã.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Chegada

Cheguei.

Após o carimbo no passaporte, fui adiante pra pegar as malas. E quem disse que elas chegaram? Ficamos ali um tempo esperando, eu e um grupo de japoneses. Então uma moça de uniforme azul que estava sentada quieta olhando levantou e veio falar com a gente. Perguntou se a bagagem fora extraviada. Dissemos que sim. Ela disse pra acompanhá-la. Na saída da sala, estavam lá a Déia e a minha mãe me esperando, já nervosas pela demora. Cumprimentos e tal e expliquei o que tinha acontecido. Nisso esqueci a tal moça, mas a Déia disse que sabia onde reclamar e fomos lá. A caminho, encontramos o grupo de japoneses. No local, mais uma fila. Quando finalmente me atenderam, não entendi quase nada do que a moça falou. Tinha um sotaque carregado, acho que era suíça, me parece que a empresa responsável era suíça. Bom, com a ajuda da Déia, fiz o registro do extravio. Minha mãe nervosa pedindo pra eu perguntar coisas ao mesmo tempo em que a mulher explicava outras coisas... foi meio confuso, mas no fim entendi que as malas estavam em Frankfurt e viriam no próximo voo. Devem ter perdido a conexão. Minha mãe queria saber se entregariam no mesmo dia, a moça disse que fariam o possível. Eu achei complicado, mas acreditei que entregariam no dia seguinte. Dei o número do telefone da casa da minha irmã e fomos embora. Eu não me preocupei muito, foi como se esperasse que isso fosse acontecer.

A vantagem de não ter malas é que fomos direto pro centro sem ter que carregar coisas, só a minha bagagem de mão, que, por orientação em outras viagens, continha uma muda de roupa completa. Foi a primeira vez que tive malas extraviadas, mas vi a utilidade da sugestão. E só então fomos almoçar, eram mais de duas da tarde. Foi um pouquinho difícil chegar a um acordo entre nós três, mas acabamos decidindo por um restaurante chinês. É, minha primeira refeição em terras escocesas foi arroz shop suey e otras cositas orientais. Após, minha mãe resolveu ir pra casa, pois estava cansada. A Déia queria assistir a um show musical. Cheguei em meio ao Fringe, que depois eu explico o que é. Então fizemos um tempo por ali até a hora do show. Era um espetáculo vocal a capela. Razoável. Após, fomos para casa. A Flávia tinha coisas pra fazer e não a vi até a noite. E ela só foi pra casa porque o pessoal dela desistiu de um encontro que ia fazer. Jantei com a Déia e a minha mãe, que já iam embora no dia seguinte. E finalmente pude descansar um pouco.


domingo, 11 de outubro de 2009

Durante

Tenho um irmão que tem medo de voar. Quando o avião da Air France caiu, ele cancelou uma viagem de negócios a São Paulo. Eu não tenho, mas não dá pra evitar um rápido pensamento sobre o assunto quando se entra num avião pra ficar mais de 10 horas no ar. Todo mundo me perguntava: "Tu vais de Air France?". Não, de Lufthansa. Dizem que é uma das melhores. Não sei. Achei bom o serviço, mas minha amiga Andréa, que viajou com a minha mãe, reclamou do espaço apertado.

No aeroporto, ninguém apareceu pra se despedir. Minto, quando eu já estava pensando em entrar na sala de embarque, aparece a Aline, uma amiga da minha irmã que se tornou grande amiga minha também. A Aline é uma figura, grande parceira. Meu irmão não pôde, tinha compromissos na universidade.

O itinerário foi Porto Alegre-São Paulo, São Paulo-Frankfurt, Frankfurt-Edimburgo. Embarquei no Salgado Filho em um A-320 da TAM. Em São Paulo, pegaria o jumbo da Lufthansa. Fiquei umas seis horas esperando. Liguei pra um amigo da minha irmã que mora lá pra ir me "visitar" no aeroporto, mas ele mora a duas horas e umas três conduções de lá e não apareceu. Então ficamos eu e meu MP4 ali esperando o tempo passar. O embarque foi tranquilo. As malas foram despachadas de Porto Alegre direto a Edimburgo, então eu não precisaria me preocupar com isso até o destino. Só precisava fazer um check-in sem bagagem em SP, para pegar os cartões de embarque. Em Frankfurt, não precisaria fazer check-in novamente. Alfândega e imigração, só na chegada a Edimburgo. A única preocupação era o pouco tempo pra trocar de avião em Frankfurt, uma hora e 20 minutos. Eu torci que SP-FRA não atrasasse. Quando a minha mãe foi, marquei um voo mais tarde em Frankfurt, pois a gente não sabia como seria o processo lá. Ela e a Déia esperaram umas 4 horas lá e disseram que teria dado tempo de pegar o voo mais cedo. Então eu arrisquei.

Dentro do avião, as primeiras orientações foram em alemão. Eu não estava preparada, quase levei um susto. Mas logo as orientações foram repetidas em inglês e espanhol. Um sotaque um tanto carregado, mas o que não entendi em inglês consegui me defender no espanhol. Viajou um casal brasileiro do meu lado, mas não conversei com eles.

Cheguei a Frankfurt com uns 40 minutos de folga. As orientações são fáceis e são dadas ainda dentro do avião, pelo monitor de tv, e vi que o portão de embarque para Edimburgo era bem próximo de onde eu ia desembarcar. Achei logo, só precisava passar novamente pelo raio X. Passei e fiquei esperando a chamada. Logo chamaram. Uma rápida conferida no passaporte e liberado o embarque. Um sujeito ao meu lado não teve a mesma sorte. A assinatura dele no passaporte estava borrada e implicaram com isso. Ele mostrou a carteira de motorista, mas não aceitaram porque não era alemã. Fui adiante e não vi como foi resolvida a situação. Mais uma hora e 40 de voo e chego ao meu destino. Incrivelmente, apesar de marcar a passagem somente dois dias antes do voo, consegui janela em todos os trechos.

E, no início da tarde de 16 de agosto, aterrisso no aeroporto de Edimburgo. Um certo nervosismo pra passar na imigração. Mas estava tudo certo, não tinha o que temer. Fiquei no fim da fila, mas não demorou muito. Um senhor parecido com o Ray Conniff me atendeu. Fez algumas perguntas e carimbou o passaporte. Fim das desventuras? Hehehehe...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Arranjos finais

A correria final durou dois dias. Dos 6kg q engordei na função do visto, perdi 1,5kg em um dia correndo pra conseguir o primeiro voo pra Edimburgo. Claro que não poderia ser tudo simples, né... A pessoa que me vendeu a passagem tinha tirado uns dias, mas ela me avisou que, se eu precisasse, deixaria alguém informado sobre meu assunto pra me atender. Liguei pra lá e ninguém sabia de nada. Falei com uma pessoa que me pediu pra mandar um e-mail explicando a situação. Num primeiro momento, fiquei irritada, mas tudo bem. Tudo o que eu queria era chegar a Edimburgo ainda a tempo de ficar um pouco com a minha mãe. Isso já era dia 13 e ela voltaria no 17. Então recebi a resposta do e-mail dizendo que ela entraria em contato com a Lufthansa pra liberar o meu crédito e me avisaria assim que desse. Bom, começou a demorar e eu enviei outro e-mail reclamando. Mas a moça me disse que ainda estava esperando pela resposta da Lufthansa. Resolvi ir pra rua pra resolver os últimos detalhes. Saquei dinheiro pra comprar libras, liguei pro câmbio, combinei a compra. Então a moça da agência me liga, dizendo que o crédito fora liberado e eu tinha 24 horas pra remarcar a passagem. Lá fui eu correndo pra ver as opções. Pedi na sexta mesmo, imaginando que não teria lugar em voos por vários dias, mas não custava tentar. Ela me ofereceu a segunda-feira. Segunda eu não queria, pois era o dia em que minha mãe sairia da Escócia, se fosse assim, eu ficaria mais uns dias em Porto Alegre e pegaria ela no aeroporto. Mas eu queria viajar o mais rápido possível, pedi pra ela conferir de novo se não tinha na sexta ou no sábado. E enfim tinha no sábado. Depois de várias conferências, ela me confirmou que eu poderia ir no sábado. Mas tinha diferença no valor da passagem. Eu disse que tudo bem, já nem pensava mais nos reais que ficaram pelo caminho... E aí o meu cartão estourou o limite, pois minutos antes havia pagado o seguro de viagem, e como as duas idas pro Rio estavam parceladas ali, ele não aguentou. "Eu pago em dinheiro." "Tu tens dinheiro aí?" "Tenho, eu saquei pra comprar libras." Então tudo certo. Mas tive que voltar no banco pra tirar mais dinheiro...

E as despedidas? No começo, eu queria fazer uma reunião com todos os amigos e parentes, um jantar num restaurante ou algo parecido. Com a história da demora no visto, não tive mais vontade de fazer nada. E também pensei "é só um ano, não tem necessidade de grandes despedidas". Mas, no fim, resolvi abraçar algumas pessoas antes de partir, pra não passar em branco. Fui à casa de uma tia que é muito chegada, mandei e-mail pro pessoal mais próximo no (ex)trabalho convidando pra ir na minha casa dar tchau. Creio que pegou algumas pessoas de surpresa. Embora todos soubessem da viagem, ninguém mais sabia quando seria.

Sexta-feira. Quase tudo pronto. Só tive que voltar à agência pra pegar os papéis da passagem e do seguro. Faltava vender o carro. Resolvi levar pra um amigo de um primo meu, sujeito que já tinha vendido outro carro que eu tinha. Acertei os detalhes com ele e aproveitei depois pra visitar meu tio que mora na mesma quadra, pra me despedir. Depois voltei pra casa pra receber os amigos que quisessem me abraçar. E, na correria toda, acabei me esquecendo de avisar meus irmãos... Mas liguei pra um deles na véspera dizendo o horário do voo, caso ele pudesse aparecer no aeroporto. Os outros moram em Livramento e acabei não falando com eles antes de viajar. Peço desculpas.

E, finalmente, na manhã do dia 15 de agosto de 2009, parti para o meu voo mais alto.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Visto II

Esta história foi longa...

A negativa do visto desencadeou uma série de sentimentos. Dúvida, revolta, insegurança, sensação de incapacidade, tristeza. Resignação? Não. Eu não me conformei. Apesar de ter sido o início de um dos períodos mais estressantes da minha vida, eu não podia desistir, a aposta tinha sido muito alta. Claro, irrompi em prantos na hora. O que fazer? Fui pra internet, precisava falar com alguém... quando entrei no msn, mandei logo uma mensagem pra um ex-professor de inglês que se tornou meu amigo. Imediatamente ele me respondeu dizendo que fosse lá falar com ele. Atualmente, ele coordena a área de intercâmbio na escola, então tem experiência no assunto. Quando cheguei, ele estava ocupado, mas logo me atenderia. Enquanto esperava, não pude conter as lágrimas e fiquei chorando ali mesmo na recepção. Em seguida ele me chamou. Expliquei o meu problema. Ele viu os papéis que levei, entre os quais a explicação do visto negado. Então, ele disse pra eu não me preocupar, que tinha solução. Só que, no meu entender, não daria mais tempo de viajar com a minha mãe. Faltavam cerca de 20 dias pra viagem. Ele disse que se eu corresse dava. Mas eu precisava de uma série de coisas. Primeiro lugar: a "bendita" carta da universidade.

Poucos dias antes de eu enviar o primeiro formulário online, eu havia recebido a "unconditional offer", ou seja, a certeza da vaga. Mesmo assim, prossegui com o pedido para "prospective student", pois não tinha a "visa letter" e achei que não daria tempo de receber. Um dia antes de enviar o formulário online, recebi um e-mail da universidade dizendo que eu precisaria depositar £ 1000 pra garantir a minha vaga e eles mandarem a "visa letter" que me daria direito a pedir o visto de estudante conforme as normas do Tier 4. Achei que eu poderia fazer tudo isso quando chegasse ao Reino Unido.

Quando expliquei toda a situação pro meu amigo, ele disse que eu precisava pagar o mais rápido possível e pedir que eles mandassem a carta por um serviço de entrega expressa, que daí levaria em torno de 2 dias pra chegar, e não 20 como o correio normal. Tive que acionar a minha irmã pra fazer isso, o que envolvia também a minha mãe, já que ela teria que mandar o dinheiro para a minha irmã poder fazer o depósito pra mim.

Em segundo lugar, eu também precisaria ter meus extratos bancários traduzidos por tradutor juramentado. Eu havia anexado com o primeiro pedido meus extratos em português mesmo, não sabia que precisava de tradução. Outro detalhe: a quantia não era suficiente. Então, mais trabalho pra família. Pedir dinheiro emprestado pra ter saldo suficiente. Com a carta a caminho, o dinheiro no banco e os extratos na mão, entrei em contato com a tradutora. Mas desta vez ela não poderia fazer o trabalho, pois estava ocupada demais na universidade com as monografias. Mas me deu algumas indicações. Optei por uma empresa especializada, pois achei que seria mais rápido que tratar com outro professor, dada a minha experiência prévia com a primeira. Foi um pouco mais caro, mas, a essa altura, eu nem poderia pensar em quanto já estava gastando, senão acho que largava tudo mesmo. Ah, sim, e tive que voltar ao banco e à empresa de tradução depois de estar com os extratos traduzidos, porque ainda precisava de uma carta do banco confirmando que eu tinha conta lá. E traduzida.

E o tempo foi passando. Nesse ínterim, fui a Livramento deixar meus gatos e buscar a minha mãe. Deixei pra trocar a passagem quando era inevitável, um dia antes da data marcada. E ainda tivemos que resolver um problema com o seguro de viagem da minha mãe, mas isso é outra história. Então fui até a agência de viagens pra mudar a data. E a vendedora me disse "viu? eu falei que podia ser negado". Gngngng... só que ela não sabia me explicar como fazer, né... "Pra quando tu queres marcar?". Hmmm... "eu queria pro dia 3/8, mas não sei se vai dar tempo...". "Por que tu não marcas pro 10? Te dá mais tempo." Ou poderia cancelar a passagem e pedir o dinheiro de volta. Claro que com uma taxa. Mas taxa ia ter que pagar igual ao remarcar, só que era um pouco menor. Acabei optando pelo dia 11, pois seria terça-feira, o que me deixava com a segunda para a eventualidade de ter que trocar novamente.

Embarquei a minha mãe e fiquei pra resolver as coisas. Tudo certo, documentação checada novamente, voei pro Rio. É, eu pensei, "mas eles já têm fotos e digitais minhas, eu preciso ir de novo, não dá pra mandar pelo correio desta vez?". Não dava. Cada vez que se faz um pedido de visto, tem que começar tudo de novo. E lá fui eu pra WorldBridge. Muito bem, entreguei a documentação. Aí a pessoa que me atendeu perguntou o que era um dos papéis. Eu falei "é o meu diploma traduzido". E ainda perguntei: "Precisa do original?". A pessoa disse que era só pra saber o que era pra anotar no recibo. Eles dão um papel pra gente com a lista de documentos entregues. Novamente paguei o Sedex de volta dos documentos e voltei pra casa. E comecei a esperar. E a ansiedade crescendo. Entrei umas cinco vezes por dia no site da WorldBridge pra rastrear o andamento do processo. Os amigos ligando pra saber e eu esperando. Não podia fazer mais do que esperar. No quinto dia, recebi um e-mail solicitando o envio de meu diploma original dentro de 5 dias. Grunf! Só o original não serve, mas também não pode ser só o traduzido! Meu diálogo com o funcionário do escritório foi um sinal e eu não captei... Bem, saí correndo porta afora com o diploma na mão direto pro correio. Botei num envelope e pedi o Sedex-10. Voltei pra casa pensando na minha burrice e me dei conta de que poderia ter feito uma pior. Não havia colocado nenhuma identifcação ou carta de explicação junto do diploma. E aí comecei a pensar que poderiam extraviar meu diploma nos meandros da burocracia do consulado ou sei lá pra onde ia, porque me deram só o endereço de uma caixa postal. Entrei em casa arrasada, quase na certeza de que não ia conseguir mais uma vez. Mas desta vez não por ignorância, como da primeira, mas por burrice mesmo, que é diferente. Apenas me consolava o fato de que o diploma é explicativo por si, já que tem o nome da pessoa, mas eu achava que, por não ter colocado o número do processo junto, jamais chegaria aonde devia. Resolvi pensar pelo lado bom, se eles haviam me pedido pra complementar a documentação, era sinal de que o visto não fora negado sumariamente.

E foram mais alguns dias de angústia. Não queria mais sair de casa. Engordei 6kg em todo esse processo. E quando finalmente vi no site dos Correios que o pedido havia saído do Rio de Janeiro, não soube dizer se estava feliz ou não. Imaginei que chegaria no dia seguinte. Não chegou. E não entendi por quê. Voltei ao site dos Correios. Havia sido encaminhado para Porto Alegre. Mas também não chegou no outro dia, e como já estava em cima da data que eu havia remarcado e não sabia ainda se era sim ou não pro visto, lá fui eu de volta à agência. Acho que a moça devia estar começando a se encher da minha cara... Expus pra ela toda a situação e desta vez achei melhor cancelar a reserva (não me lembro de ela ter me dado essa opção antes). Funciona assim: a gente cancela a reserva, mas não pede o dinheiro de volta nem paga taxa. Fica com o valor em crédito pra marcar uma nova viagem, só que tem um prazo pra isso, mas é relativamente longo. Eu só teria que pagar taxas quando da marcação da nova data: a diferença de preço de passagem, se houvesse, e a taxa de reemissão. Então ficamos assim. Sem data.

No dia seguinte, toca a campainha. "Sim?" "Sedex." Desci correndo pra pegar, coração quase saindo pela boca. Voltei ao apartamento olhando para o envelope. "E agora, abro ou não abro?" Pergunta imbecil, claro que tinha que abrir, mas estava com medo. Bom, sem mais delongas, fui rasgando o negócio, não sem antes dar uma pequena avaliada no volume. Me pareceu pequeno, o que achei que era um bom sinal, não me perguntem por quê. Abri meu passaporte e finalmente ele estava lá: claro, límpido e com todos os coloridos que o holograma de segurança pode proporcionar.

Final do jogo, 1 x 1. Mas como gol fora vale mais, acabei me classificando no saldo (bancário?!) qualificado... hehehe

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Visto I

Pois é, o visto!... O visto quase me fez entrar em depressão. Foi assim...

Eu falei antes que não fui atrás do visto logo. Bom, quando fiquei sabendo que era fundamental, fui ver como funcionava. Quando a minha irmã veio, o processo era bem mais simples, ela mandou toda a documentação pelo correio e recebeu de volta pelo correio também. Mas este ano os critérios para concessão de visto mudaram, ficou mais complicado. Comecei a procurar em sites como era o procedimento, ainda sem ter a minha vaga garantida na universidade. Depois de passar seis horas lendo sites em inglês, cheguei à conclusão de que eu me enquadraria na categoria Tier 4, de estudante. Iniciei o processo com esse pedido, mas, no meio do preenchimento do formulário, descobri que precisava ter uma carta da universidade que eu não tinha. Conversando com a Flávia, decidimos que eu podia pedir outro tipo de visto, um visto "provisório", como eu chamei, pra trocar depois. Então iniciei novo processo pelo site da WorldBridge, com pedido de "prospective student", que, pelo que eu entendi, era pra quem já tinha entrado em contato com uma instituição de ensino britânica, mas ainda não tinha concluído o processo de matrícula. Pra mim, estava tudo certo. Então enviei o formulário online, marquei minha viagem pro Rio, pois precisava entregar a documentação toda pessoalmente na WorldBridge, liguei pros parentes do Rio pedindo pouso e me toquei pra lá. Um pouco nervosa, chequei a documentação e me apresentei no escritório da WorldBridge uma hora e meia antes do horário agendado. Entreguei tudo, paguei, colheram fotos e digitais. Deixei pago o Sedex de volta dos documentos. Um pouco preocupada, pois faltavam menos de 30 dias pra viagem, voltei para Porto Alegre. Uma semana depois, chegou a documentação. Com certa ansiedade, abri o pacote. E aí a minha surpresa e estarrecimento: o visto fora negado! O pedido foi analisado como se fosse Tier 4 e, claro, eu não tinha a "visa letter", e isso já me desclassificava. Como se não bastasse, ainda tinha que traduzir os extratos bancários.

Fim do primeiro tempo: 1 x 0 pra eles.





domingo, 4 de outubro de 2009

Antes da partida II

Fiz meu trabalho sobre a Fundação Iberê Camargo. Bem legal lá, eu ainda não conhecia. Comecei a planejar a saída do jornal. Decidi que 30 de junho era bom, daria tempo de finalizar os preparativos e fazer uma despedida. E maio chegou e se foi. Então voltei ao trabalho e avisei que sairia no final do mês. Achei que ia ser difícil, afinal, nove anos de casa deixam alguma marca, mas foi bem mais fácil do que eu esperava. E foi legal ter uma festa no último dia (não pra mim exatamente, é que coincidiu com a nossa festa junina).

Então comecei a peregrinação atrás do visto, a última etapa. Acho que isso vale um post separado, mas vou introduzir o assunto. Quando comprei as passagens, me orientaram a entrar como turista, pois não haveria o risco de negarem o visto e depois que eu fizesse a minha matrícula no curso eu pegaria o visto de estudante. Como eu ainda não tinha o OK da universidade, achei sensato. E deixei o tempo passar. Aí um dia perguntei pra minha irmã se eu podia fazer o que me sugeriram. Resposta: "De jeito nenhum! Não faz isso!". Arrepiei o pelo e comecei a pior parte da minha jornada.

sábado, 3 de outubro de 2009

Antes da partida I

Quem quiser pular esta parte, tudo bem. Só resolvi contar, antes da vida aqui, o trabalho que me deu pra vir.

Como tudo na minha vida foi lento, levei quase dois anos pra chegar aqui. Primeiro, precisava de um certificado de inglês. Escolha: IELTS. Poderia ser o TOEFL, mas achei melhor fazer o britânico. Acho que a inscrição foi em agosto de 2007 e a prova, em dezembro. Fiz umas aulas especiais de preparação e me atirei. Medo na hora da prova... mais medo na hora do resultado... mas passei, quer dizer, atingi a nota necessária. Com certificado na mão, precisava iniciar o processo de inscrição na universidade. Pra isso, era necessário ter meu diploma e histórico escolar traduzidos para o inglês. Por tradutor juramentado. Isso já era janeiro de 2008. Minha irmã me indicou a pessoa que traduziu os dela quando ela veio, uma professora da PUC. Bom, me amarrei um monte e, quando resolvi entrar em contato, em fevereiro, a tradutora estava em férias. Acabei deixando tudo pra depois, até porque ainda não tinha o histórico em mãos, precisava ir lá na Ufrgs pedir. Outra coisa que precisava eram duas cartas de recomendação, de preferência de uma pessoa do trabalho e de um professor da faculdade. Fui atrás da minha orientadora da monografia. E, no trabalho, pedi pra um dos chefes. Mais um mês. Em março, liguei pra PUC, mas era difícil achar a professora. Acabaram me dando o celular dela. Mas a essa altura eu quase desisti da empreitada. A Flávia estava passando por problemas e andava pensando em voltar pro Brasil. Sem ela eu não viria. Dei um tempo.

Passado o tempo (quase um ano), superados os problemas da minha irmã, resolvi retomar a caminhada. Tradução e cartas prontas, internet e dicionário a postos, preenchimento de requerimentos e etc. Mandei em março de 2009 a inscrição. Em abril, recebi uma carta da universidade com uma "conditional offer". Mais um drama: teria que fazer um texto sobre uma instituição nacional ligada à cultura como parte da seleção de mestrado. Programei minhas férias pra maio pra fazer tudo o que faltava. Nesse meio tempo, tinha uma série de coisas pra resolver. Questão financeira inclusive. Além de arrumar a casa, castrar a gata, vacinar os dois gatos, levá-los pra Livramento pra ficar com a minha mãe, conseguir alguém pra ficar no apartamento; ah, sim, e decidir a data da viagem e comprar a passagem, sem ter certeza ainda da vaga do curso. A questão da passagem também é um pouco mais complexa, pois a minha mãe iria junto, mas não queria voltar sozinha, então tínhamos que conseguir companhia pra ela. Mas isso eu já tinha providenciado havia algum tempo. Minha amiga Andréa se prontificou a "fazer o sacrifício" de viajar pra Europa. Só que a data da viagem precisava ficar a contento pra todo mundo. Detalhe: minha irmã queria que viéssemos antes do festival, que começava dia 9 de agosto, pois ela ia estar ocupada durante o evento. Conversa com uma, conversa com outra, acabei definindo a data de 23 de julho.

Abrindo caminhos

Cá estou na Escócia.

Recebi uma postagem no Facebook há poucos dias me pedindo pra fazer um blog pra contar minhas aventuras em terras britânicas. Relutei um pouco, pois não sei se vou poder atualizar com frequência e não queria ter mais um blog atirado às traças, pois já tenho dois. Mas como este me parece mais fácil, resolvi arriscar.

Acho que vale uma pequena explicação do motivo da minha vinda, pros amigos que ainda não sabem. Tem gente que diz "por que a Escócia?". Não fui eu que escolhi, a culpa é da minha irmã, hehehe. Ela é que resolveu se enfiar aqui e acabou por me influenciar. Bom, espero fazer bom proveito da oportunidade.

Explico melhor a vinda: a Flávia, minha irmã, veio estudar teatro. Na universidade, ela descobriu um curso de pós-graduação que se adequava às minhas ambições de trabalhar com cultura. E eis que comecei a minha jornada em busca de qualificação.