Nesse último mês, fora os trabalhos da faculdade, fiz um trabalho voluntário no Imaginate, festival de teatro infantil. Segundo meu professor Douglas, é o mais bem organizado festival daqui. Fui conferir. Minha função era festival assistant, com crachá e tudo.
Teve uma primeira reunião em abril, só pra dar uma geral na programação e conhecer o chefe dos voluntários e mais algumas pessoas importantes que estavam lá, como o cara que viaja o mundo inteiro assistindo a shows pra escolher o que trazer a Edimburgo (trabalhinho ruim, hein?...). Depois teve um dia de treinamento, já em maio, no Lyceum. Com direito a almoço, quiz, conversa e orientações gerais. Distribuíram os "uniformes" (camisetas), crachá, material com programação, telefones úteis, escala, passe de ônibus e dinheiro pra comida.
Pastinha com orientações
Orientações gerais sobre a companhia e como proceder diante de algumas circunstâncias. Imaginate é também o nome da companhia que organiza o festival
Programa do festival
O trabalho é voluntário, mas eles dizem que não querem que a gente gaste, então dão dinheiro pra comer nos dias em que a gente trabalha, além de passe de ônibus quando o teatro não é no centro. Eu ganhei dois day tickets
Minha escala
Na abertura do festival, ganhamos ingresso pra assistir a "Chit-Chat", espetáculo de dança de uma companhia francesa. Não sou muito de dança, mas esse foi realmente interessante. Foi a primeira vez que entrei no teatro do Traverse. O bar eu já conhecia. Depois teve uma pequena recepção com vinho.
O primeiro lugar que trabalhei foi o Brunton, o teatro de Musselburgh, aonde fui na terça. Lá teve a performance "Martha", peça que está em cartaz há uns 15 anos, sempre com aclamação popular. Pude assisti-la e achei boa; claro que se tem que considerar que é uma peça infantil. Mas não sei se eu daria as 5 estrelas que vi numa crítica.
O trabalho era só sorrir, receber o público e conduzir até a entrada do teatro. Na maioria das vezes, são escolas que programam com antecedência, então a coordenadora local já sabia quantas pessoas viriam, de onde e mais ou menos o horário. Eu e o outro voluntário, casualmente meu colega Michael, ficamos por ali ajudando. O único problema é que tínhamos que esperar os ônibus do lado de fora do teatro, e naquele dia estava muuuito frio. Mas tudo correu bem.
Na quarta, minha escala me mandava pro North Edinburgh Arts Centre. Na véspera, fui pro mapa. Longe pra caramba. Mas tá, programei meus horários, chequei os ônibus - horários e linhas - e tentei dormir. Não consegui. Acho que fiquei preocupada se eu acharia o local, porque nunca tinha ido praqueles lados. Levantei cedo, segui a minha programação. No centro, desci pra pegar o outro ônibus e passei pela Lisa, uma colega da Flávia que também trabalhava no Imaginate. Peguei o outro ônibus e fui cuidando o caminho. Passava pelo Botanic Garden e continuava. Eu só conhecia até ali. Fui cuidando onde descer. Era no Muirhouse Shopping. Pelo mapa, contei três paradas depois que entrava na rua do shopping. Mas, na segunda, vi o shopping ali. O motorista já tinha fechado a porta, mas me dirigi até a frente do ônibus e perguntei. Era ali mesmo. Ele abriu a porta e eu desci. Era ali, mas na indicação de como chegar ao Arts Centre mandava passar por dentro do shopping, só que o shopping ainda estava fechado. Resolvi contornar a quadra, mas uma coisa que aprendi aqui em Edimburgo é que, quando se procura caminhos alternativos, a gente nunca sai onde pensa que vai sair. Por sorte, tinha uma placa na esquina indicando o lugar. Dobrei a esquina e tinha outra placa mais adiante. Saí numa espécie de praça e não achei mais placa nenhuma. Dei toda a volta no quarteirão, numa região que me deu um certo arrepio... prédios semidemolidos, vizinhança meio suspeita. Após contornar a praça, me embrenhei por umas ruazinhas, mas tentando seguir o mapa que eu tinha na cabeça. Até que consegui achar a rua do Arts Centre. Por fim, encontrei o lugar, passando por uma espécie de beco. E estava fechado. Era ainda muito cedo. Fiquei por ali espiando pela porta de vidro, até que apareceu alguém lá dentro e abriu a porta pra mim. Fui conduzida até a cantina, onde estaria o pessoal do festival. Chego lá e quem encontro? A Lisa! Ela seria minha chefe naquele dia. E perguntou por que eu não fui com ela do centro. Bom, eu não sabia que ela trabalhava no Arts Centre. O resto do dia correu tranquilo e, na volta, ganhei uma carona de caminhão com uma das chefes do Imaginate, até o Traverse. Ah, sim, o show era "Rawums (:)", de uma companhia alemã, pra crianças de 2 a 5 anos.
Na quinta ganhei folga. Na sexta, trabalhei à noite no Traverse, que apresentava "Martha" e estava com lotação esgotada, então não assisti de novo. Uma das vantagens de ser voluntário é que dá pra assistir a todos os shows de graça, desde que não esteja cheia a sala. Ainda na sexta, a turma da Flávia combinou de fazer uma reunião de despedida no bar do Trav, então, depois do show, fiquei esperando a Flávia. Mas não fiquei muito tempo lá depois que ela chegou, pois teria que trabalhar no Church Hill no sábado, outro lugar que eu não conhecia.
Fui pro mapa de novo. Mas esse não era tão difícil, embora fosse também num lugar que eu ainda não tinha ido. Demorei pra chegar lá porque os ônibus demoram mais no sábado e não pude conferir os horários porque o site da Lothian estava fora do ar. E demorei também porque a parada onde eu deveria pegar o segundo ônibus tinha mudado de lugar. Mas me atrasei só 5 minutos. A chefe local ainda não tinha pedido pra central me ligar. Isso foi uma coisa que reparei em termos de organização: eles nunca esperavam mais que 5 minutos pra ir atrás do voluntário. Em todos os lugares em que estive, eram dois voluntários, e eu sempre fui a primeira a chegar e os chefes tiveram que ligar pra saber do outro. Mas todos chegaram em seguida, à exceção da Andrea, que trabalharia com a gente no sábado. Ligaram pra ela e ela estava no Lyceum, não sei por quê. Mas aí mandaram ela de táxi pro Church Hill. Eu tinha conhecido a Andrea no dia anterior no Trav. Ela não estava trabalhando lá naquele dia, mas conhecia a outra guria que estava comigo, uma irlandesa que não lembro o nome. A Andrea é bem louquinha, é uma austríaca que não cala a boca um segundo. Na noite do sábado tinha a festa do Imaginate, pra todos os colaboradores. Eu não tava muito a fim de ir, porque ainda tinha que fazer um trabalho pra entregar na segunda. Mas as gurias me convenceram. A Andrea e a chefe local, a Geraldine (que me lembrou a minha prima Carla). Além delas, uma taiwanesa meio maluca que era delegada de alguma instituição enviada pra olhar o show. No Church Hill pude ver dois shows: de manhã, "One Thousand Paper Cranes", uma história conhecida sobre fazer 1000 tsurus pra atingir um desejo. Aprendi a fazer tsurus. De tarde, "The Ballad of Pondlife McGurk", uma espécie de contação de história, bem interessante.
Meu primeiro tsuru
Cansada depois de uma semana de trabalho...
Vou ficar devendo fotos dos lugares, pois esqueci de levar a câmera.
De noite, fui na tal da festa. Mas isso é outro post. O festival terminava no domingo, mas eu não disponibilizei meu horário no domingo porque precisava fazer meu trabalho da faculdade. Que acabei deixando pra última hora e me arrependi até o último fio de cabelo, já que a Flávia tinha programado uma festa aqui em casa...
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